segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Memória Desgraçada

"Eu gosto tanto de você
Que até prefiro esconder
Deixo assim ficar
Subentendido"
(Lulu Santos - Apenas Mais Uma De Amor)



Há quem diga que cacos de vidro são presunções
Há quem fale que poesias são canções
E escrevo para muitos que vão ler
Mas querida, esta poesia é pra você


Você é conto de fadas do meu mundo de cristal
Você é meu sol em pleno dia de temporal
Posso ser reservado, estranho, estragado
Mas os teus olhos azuis me levam à um novo estado


Fazem tantos (perdi as contas dos) dias sem conseguir te ver
Se romances já foram verdades, as espadas não ultrapassam
As velhas verdades que tive tentando te esquecer
O mais incrível desta grande universo pessoal, que ela nunca vai saber


Persigo os pós de estrelas que você deixou antes de ir embora
Aqueles abraços que você nunca quis me dar de verdade
Aqueles beijos imaginários que todo dia dá saudade
Nunca pensei que um dia eu iria decorar aquela hora


(São oito e treze daquela cansativa noite,
É o último ponto antes da minha vírgula solitária
Consigo enxergar de tão perto nos seus olhos o trâmite
Que parece que Deus está cobrando de mim uma taxa alfandegária)

Minha linda, por favor, não me escute agora
Tente dormir mais um pouco, eu sei que está cansada
Mas eu acredito vêemente que olhar da janela não valerá de nada
Eu nunca existi de verdade na sua história


Eu acho que eu decorei o título da sua música favorita
Decorei também a coisa que mais te irrita
Seus sonhos e planos estão escritos num livro no meu balcão
No meu quarto não cabe mais coisas de decoração


Jazidas podem tentar imitar o brilho dos seus olhos
Feridas tentaram em vão lembrar dos seus sorrisos de modo falho
Por isso eu canto "Apenas mais uma de amor" antes de ir embora
Quem sabe essa memória desgraçada de você desapareça agora

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