domingo, 1 de maio de 2011

"Nossa Foto"


Como devo começar esse texto? Estou cansado, perdido e incapaz de encontrar uma luz no meu mundo escuro. Você que está lendo deve estar se perguntando por que meu mundo está escuro e parecendo um abismo cheio de espinhos no fundo. Vou lhe contar. Chamo-me Diego, atualmente estou com 20 anos, e estou na faculdade de medicina. E o nome dela é Carolina, atualmente tem a minha idade, e aonde quer que esteja, está estudando fotografia.


Tudo começou naquele lugar e terminou no mesmo. Naquele tempo, quando tínhamos em torno de 14 anos, quando todo mundo pensa em diversão e beijar qualquer um. Estávamos na frente da “nossa foto”, eram montanhas que dava pra ver o sol nascendo no meio. A gente chamava de “nossa foto” por que tínhamos uma coleção de fotos nossas com essa paisagem.
Nós vínhamos nesse lugar todo dia pra ver o sol nascendo e se pondo, algo rotineiro. Éramos amigos desde pequenos, tínhamos cada história, e nós adorávamos brincar de pega-pega perto da “nossa foto”. Estávamos lá, vindo da escola ao meio-dia, conversando.


- Tive uma idéia para nossa revista em quadrinhos! – eu disse animado –
- Aé? Diga, vai que eu aprovo... – disse com ar de convencida –
- Que tal o Lincoln ficar com a Letícia ao invés da Milena?
A gente tava tentando fazer uma revista em quadrinhos naquele tempo. Eu desenho bem, e ela tinha umas idéias bem legais.
- Ah, não sei, acho que o Lincoln combina com a Milena.
- Mas os opostos se atraem!


Ela riu. Se eu pudesse assistir esse momento e gravado, eu ficaria repetindo o tempo todo.
- Verdade.  Vamos ver isso depois. Obrigada por me acompanhar até em casa, até depois!
- Até!
Eu a levava todo dia para casa. Era de costume levá-la até em casa. Á tarde era difícil vê-la, só a via nos domingos e feriados porque ela ficava na empresa dos pais. Mas ás vezes eu aparecia por lá.
Os anos se passaram, agora já estávamos com 17 anos, decidindo o que iríamos fazer da vida, e o fim de ano se aproximava. Era aquele nervosismo, vontade de sair gritando sem nenhum motivo. E nossa amizade continuava na mesma intimidade de sempre. Diziam que iria ter uma festa de despedida.


- Está sabendo da festa?
- Claro que estou! – ela respondeu animada –
- Vai com quem?
-...
- Ninguém?
- Não! Mas não significa que sou feia!
- Lógico que não!
- Eu tenho uma pergunta pra você!
- Qual?


Ela ficou vermelha. Ficou tão fofa! Queria gritar.
- Quer ir ao baile... Comigo?
- Repete!
- Sem chance! Não vou repetir...
- Quero sim!
- O quê?
- Claro!


Não estava acreditando. Eu iria ao baile com ela. Eu já tinha alguma noção do significado da palavra amor, mas não sabia que a amava.
- Então te vejo ás seis Di.
- Tá bom Cáh!


Eram os nossos apelidos. Apelidos que a gente a inventou aos oito anos. Daí pegou e todo mundo resolveu chamar a gente assim. Saímos e fomos para nossas casas. Fui direto pro banho, acredito que ela também fora. Coloquei uma calça jeans escura, um tênis verde-limão, uma camisa vermelha e uma básica por baixo. E coloquei meu perfume favorito, que só usava para as melhores ocasiões. Saí correndo de casa porque era 05h55min. Bati na porta e fui recebido pela mãe dela.


- Oi Di tudo bem?
- Tudo. A Cáh está?
- Sim! Carol! – ela gritara –
- Estou descendo!


Ela estava descendo das escadas toda corada. Mas estava linda, usando também uma camisa, só que fechada, xadrez e vermelha. Um short curto, mas não vulgar. E um tênis por fim vermelho.
- Fiquei bem?
- Linda! Vamos?
- Claro!
Fomos andando até a festa.
- Cáh, me concede esta dança?
- Claro.


Dançamos até suar, até que ficou aquele ritmo lento.
- Me leva até em casa? – ela disse docemente –
- Claro!
- Mas antes vamos passar na “nossa foto”?
- Porquê não?
Andamos lentamente pelos lugares e chegamos onde ela queria. Sentamos no típico banco.
- Preciso lhe dizer...
- O quê?
- A primeira é...


Ela começou a chorar.
- O que Cáh? Estou começando a ficar preocupado.
- Eu não vou mais lhe ver.
- Como assim?
- Meu pai vai para os EUA para negócios e eu vou ter que ir junto
- Você não vai voltar? – eu também já estava chorando –
- Provavelmente não.
- Então me deixe pelo menos te dizer...
- O quê?
- Eu te amo!


E a beijei. Foi um beijo de longa duração. Eu estava no céu. Até...
- Não! Você não pode!
- Por que não?
- Porque não!
E ela foi embora. E me deixou aqui, sozinho. Você deve estar se perguntando por que estou escrevendo só agora... É porque só agora parei de olhar pra “nossa foto”.

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